quinta-feira, 8 de abril de 2010

Como água para chocolate

O filme mexicano de 1992 resgata uma expressão da língua espanhola, que se refere ao calor de uma paixão, ou mesmo a outros estados de excitação como a raiva. Ao mesmo tempo, traz para o plano da união de pessoas a magia de aroma, sabor e bem-estar que resulta do encontro da água fervente com o cacau, no preparo do chocolate quente mexicano. É só mais um exemplo das inúmeras referências que a arte (a quem a vida imita) toma dos alimentos para explicar os sentimentos humanos.
No filme, que é baseado no livro de Laura Esquivel, a jovem Tita transpõe para os alimentos que prepara todas as suas emoções, provocando reações surpreendentes naqueles que os consomem. As lágrimas que derrama sobre a massa do bolo de casamento de sua irmã – por quem teve de renunciar ao grande amor de sua vida – causam incrível comoção e ânsia de vômito aos que o experimentam.
Fábulas e misticismo à parte, não é exagero pensar que nosso estado de espírito à mesa é muito importante para assimilar a energia que o alimento pode nos fornecer. A higiene no preparo e na alimentação não se resume à assepsia, mas remete também a uma atitude mental serena e equilibrada. Não dizem por aí que prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém?

Roberto Camargo

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