sábado, 1 de maio de 2010

Percursos e percalços da saúde

A crise pela qual enfrentam os três maiores hospitais de Londrina – Irmandade Santa Casa de Londrina (Santa Casa e Infantil), Evangélico e Hospital Universitário – certamente é o Calcanhar de Aquiles da gestão Barbosa Neto até aqui. A onda de paralisações e protestos desencadeada em novembro do ano passado pelos médicos plantonistas do Evangélico e da Santa Casa se arrasta aos dias de hoje e, por enquanto, nenhum acordo efetivo, que dê uma folga ao trabalho dos hospitais, foi tomado.


Para entender a dimensão do problema é preciso buscar as primeiras discussões em torno do assunto. Em 13 de novembro, uma sexta-feira treze, começou o terror para grande parte da população londrinense. Na entrada do pronto-socorro da Santa Casa, tapumes de madeira impediam a entrada de pacientes do SUS, Sistema Único de Saúde. No Evangélico, correntes, cadeados e seguranças barravam a entrada no Pronto Socorro.

Na ocasião, os médicos plantonistas interromperam por seis dias o atendimento em virtude da suspensão da prefeitura do pagamento do incentivo por plantão à distância. O SUS, que repassa R$ 5,50 por consulta no pronto-socorro, passou a repassar em 2007 (ainda na gestão Nedson), por meio de um acordo dos médicos com a Prefeitura mais R$160,00 pelo plantão (sendo ou não chamado) e mais R$ 60,00 por cada vez que fosse chamado para comparecer no hospital.

A prefeitura suspendeu o incentivo alegando duplicidade de pagamento, uma vez que o dinheiro era retirado da verba de R$ 9 milhões que o Ministério da Saúde enviava. O SUS já pagava os plantonistas, embora pouco.

No dia 29 de dezembro, os profissionais do Evangélico voltaram a interromper os atendimentos, que foram retomados no dia 30, depois que a prefeitura estendeu o acordo até o final de março de 2010, prevendo o pagamento de R$ 361 mil mensais, sendo que deste total acordado R$ 100 mil seria repassado pelo governo estadual e R$ 261 mil pelo Município. Sob ameaça de nova paralisação, o Município estendeu o pagamento de R$ 361 mil por mais um mês.

O contrato emergencial, que encerra-se hoje, 30 de abril, se manteve em R$ 160,00 por plantão a distância e R$ 60,00 por consulta. O diretor clínico do Hospital Infantil, Yoshihico Ito descartou possibilidade de paralisação dos atendimentos e afirmou que houve boa vontade de negociação da secretaria de saúde, apesar da negativa de aumento de 10% no valor do plantão a distância, o que equivaleria a R$ 176,00.

Por pelo menos mais três meses – tempo de duração do acordo – a saúde londrinense pode respirar em paz.

HU cobra dívida da prefeitura

Em 04 de fevereiro deste ano foi a vez do HU se manifestar em busca de uma solução para seu problema. Num ato público realizado no anfiteatro do hospital, o superintendente Francisco Eugênio Souza expôs a comunidade interna do HU as dificuldades enfrentadas devido à falta de repasse de dinheiro do SUS. O último repasse mensal de R$ 2,5 milhões havia sido feito em outubro de 2009.

O hospital passou a restringir o atendimento em algumas especialidades do Pronto Socorro em 15 de fevereiro e somente retomou o atendimento integral com o pagamento da parcela referente ao mês de novembro de 2009, três dias após o início da restrição de atendimento.

Para o superintendente do HU, há muito tempo o valor mensal destinado ao hospital já está em defasagem. Segundo ele, o HU deveria receber R$ 3,8 milhões mensais para não ficar com incertezas.

Luciana Barbosa

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

Pesquisar este blog

  ©Template by Dicas Blogger

TOPO