quinta-feira, 25 de março de 2010

Modismos alimentares


Você aceitaria experimentar uma tal “ração humana”? Soa meio estranho, mas é a última novidade no aquecido mercado de alimentos nutritivos, funcionais, nutracêuticos e escambal a quatro. O produto não passa de uma mistura bem natureba de cereais, farelos e outras cositas como agar-agar, uma mucilagem extraída de algas (?!), que foi criada por uma ex-comissária de bordo para acabar com sua prisão de ventre crônica. Mas, a ração ganhou fama mesmo depois que a diarista da aeromoça, que também adotou a fórmula, perdeu nada menos que 42 kg (uau!). A moça mudou de profissão e até de marido. Hoje já é possível encontrar a ração original nas melhores casas do ramo, pela bagatela de mais ou menos 80 reais, por um pote de 500 gramas. Calma lá! Tem genéricos e similares na faixa dos 20 reais.
Mas afinal, o que leva tanta gente a depositar todas as suas esperanças de conseguir aquele corpito pela simples ingestão de um alimento milagroso? Porque não tentam resolver suas dificuldades de dentro pra fora, com mudanças duradouras de hábito? O mesmo vale para prisão de ventre e outros males. E, diante dessas promessas, vale a pena perguntar por que a natureza distribuiu seus benefícios em fontes alimentares tão diversas, em vez de nos dar algo que resolvesse todos os nossos problemas. A resposta é simples: o segredo está no equilíbrio. Seguramente não pecisamos de ingredientes especiais, importados de terras longínquas. Quem sabe não encontramos no nosso quintal (em um sentido ampliado) uma gama de opções que, bem balanceadas, vão fornecer nutrientes, fibras, minerais e contribuir para nossa saúde e bem-estar! A dra. Zilda Arns não conseguiu combater a anemia das crianças até com beldroega e semente de caruru, uns matinhos sem-vegonha que dão por aí?
Sinceramente, não tenho nada a ver com o que você vai fazer com aqueles seus 80 reais. Acredito, porém, que se você já dominou a arte de evitar os extremos, e já incorporou o hábito de consumir alimentos variados e mais próximos do natural, pode usar uma parte dessa grana para saborear uma fatia de pizza, um chocolatinho, ou algo que aprecie mais. Afinal, a virtude está no meio!
Bom apetite!
Roberto Camargo

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